Avenida Beberibe booklet

Na extensa e sinuosa avenida Beberibe no Recife uma casa com jardim frondoso o cen rio da inf ncia de v rias gera es Ela tamb m o ponto de partida deste romance inventivo que retoma e renova a tradi o memorial stica brasileira ao lan ar m o do recurso fotogr fico como parte constitutiva do texto Nessa narrativa de filia o parcialmente ficcional eventos da hist ria do pa s e da vida p blica do Recife como a persegui o da ditadura militar a seus oponentes e a passagem do Graf Zeppelin em 1930 se mesclam a lembran as da neta dos donos da casa que meio s culo mais tarde se debru a sobre as rela es sociais latentes no seio do pr prio lar Nas palavras de Fabiana Moraes que assina a orelha do livro Avenida Beberibe trata de repress o e alegria essa dualidade que de t o presente foi e feita normal Na leitura vagueamos pelo Brasil e sua hoje mais evidentemente anacr nica arquitetura cotidiana na qual o quarto da empregada tamb m foi de t o presente feito normal Uma outra repress o marcada pela cor da pele e convenientemente silenciada Guiada por uma sensibilidade que se aproxima da l gica po tica Claudia Cavalcanti expande a avenida para outros tempos e espa os fazendo correr em paralelo as origens de um menino ga cho nos mesmos anos 1970 S o dois extremos geogr ficos duas fam lias diferentes mas tantas coisas em comum A narrativa tamb m viaja ao Jap o de National Kid passa por Munique onde entra na casa do escritor Thomas Mann recupera um epis dio da vida familiar do poeta Paul Celan e corre livre at o bairro de Higien polis em S o Paulo onde se esconde uma mulher que manteve uma empregada dom stica escravizada por mais de vinte anos at ser tema de um podcast que trouxe o caso tona O que une essas e outras hist rias a liberdade de uma escritora que passeia por g neros idiomas e culturas mas sempre volta para a casa de sua inf ncia e para as chagas sociais do Brasil Avenida BeberibeAvenida Beberibe Claudia Cavalcanti 20241 Ed. Book Avenida beberibe cep F sforo 2024nota 8 10___Avenida Beberibe a obra rec m publicada da escritora do qual sou admirador Cl udia Cavalcanti e trata sobre aquilo que mais gosto de ler pensar e pesquisar a rela o entre mem ria hist ria e imagens uma escrita que constr i e extrai as ficcionalidades dos fatos O livro composto por oito partes e cada uma delas inicia de um momento narrado e criado da inf ncia da autora na casa em que cresceu na avenida que d nome ao t tulo do livro em Recife Entre p de mangas de jambo e outras frutas assim como no conv vio com bichos que habitavam o jardim da casa como os coelhos e timbus Claudia nos lembra que as palavras que constituem a obra n o sobre um lugar propriamente dito mas sobre o sentido e a vida que torna esses espa os nos palcos da mem ria No entanto nem s de palavras o livro feito diria que as imagem arrogam para si mesmas as narrativas que mesmo silenciosas nos dizem muito pavimentam o caminho para a imagina o A escritora ainda que de maneiras distintas nos lembra que um dia fomos unidos pelos sons que a mem ria tratou de guardar em alguns casos tecidos por nossos av s e tamb m vestidos por eles mas que nossos pap is adultos nunca nos coube representar Na vida e nas vestimentas adultas a performance excessiva cala o ato de ficcionalizar a vida ir al m da materialidade Foi preciso esquecer para que se tornasse fic o E acordar para que se confundisse com mem ria Seria isso a s ntese de nossa inf ncia de quem um dia fomos e acreditamos ser nos mais distantes lugares sendo na Avenida Beberibe ou n o N o sei O livro nos sugere que olhar para as imagens amareladas abandonadas nas gavetas empoeiradas de nossas casas seja uma maneira de aceitar que para ali estaremos diante de um fragmentos de n s mas h mais sempre haver al m da imagem Cl udia Cavalcanti esquecer para que se torne fic o acordar para que se confunda com mem ria Cl udia Cavalcanti